Postagens

Mostrando postagens com o rótulo frio

Demônio faminto (micro conto de terror)

 Na noite abafada a primeira coisa que Pedro reparou ao entrar no quarto da filha para ver porquê ela estava chorando foi o frio e o cheiro de podridão, como se algum bicho tivesse morrido ali. "Mas pai, tinha um bicho aqui no meu quarto." - choramingou Patrícia.    "Tá bom meu bem, vem com o papai." - falou Pedro." Vamos lá dormir com o papai e a mamãe."     Pedro pegou no colo a filha de seis anos e caminhou na direção da porta do quarto. Antes de apagar a luz ele virou-se e passou os olhos pela cama da filha onde o ursinho de pelúcia jazia esquecido. E uma incômoda lembrança aflorou-lhe a memória.    "Sei que você tá aqui seu safado. Você transformou minha infância num inferno mas não vou deixar que faça o mesmo com a minha filha."     A luz do quarto foi apagada e a porta fechada. Na escuridão debaixo da cama dois olhos flamejantes brilharam.  E seu estômago roncou.       "Que medo de você seu bunda mole." - zombou o demônio.

MEDO (Micro conto de terror)

Imagem
  Eram onze horas de uma noite fria de inverno em Blumenau, Camila voltava do colégio e teve que parar na rua de barro ao ouvir um rosnado profundo. Seus olhos se arregalaram. Cinco metros a sua frente, sentado no meio do caminho,  um rottweiler a observava fixamente. 

FANTASMAS PASSADOS CAP 3

 "Onde estão meus modos? Esqueci de me apresentar. Chamo-me Sandro, mas se quiserem também podem me chamar de San Pepers, e além de ser dono desse bar também trabalho com jardinagem e eliminação de pragas. Vampiros, lobisomens e outras coisas mínimas. "A, sim. Também tenho o don bem chato de falar com gente morta." "Mãe, você podia ter dito que ela era uma vampira." ""Eu não. Queria ver se você finalmente tinha aprendido alguma coisa." Então, como num passe de mágica a vampira desapareceu em uma nuvem de vapor e eu vi minha mãe segurando um crucifixo.  "Vem, vamos embora. Ela logo vai voltar."

FANTASMAS PASSADOS capítulo 1

Uma ideia maluca que me ocorreu para uma história mais complexa e longa. Tomara que alguém se sinta interessado em ler. 1 Eram por volta das oito horas de uma noite gelada de inverno - e Deus sabe que em Curitiba todas as noites de inverno são geladas - quando ela entrou pela porta do meu bar, trazendo junto de si o ar frio da noite. "Alguém fecha essa porta, que merda. Rabo comprido."- reclamou uma senhora baixinha e rechonchuda com cara de poucos amigos sentada a um canto. "Meu Deus" murmurei baixinho prestando atenção nessa senhora pela primeira vez. Sai rápido de traz do balcão, passei pela ruiva estonteante que acabará de entrar e fui até onde a senhora baixinha estava. Ou pelo menos onde eu achava que estava. "Que droga", pensei eu olhando para um lado e para o outro. "Pensei que já tinha superado isso."   Voltei para trás do balcão e fui atender a ruiva recém chegada. Corpo de violão e um sorriso estonteante. Bem o meu tipo. Devia saber qu

A PRESENÇA

1 Acho que foi na segunda  ou terceira noite que passei na casa nova em Curitiba. Não lembro mais. Estava sozinho, era uma noite gelada de inverno. Estiquei o colchonete no chão, apaguei a luz, me deitei e me cobri com os dois cobertores grossos e felpudos que tinha ganho de minha irmã. E rezei muito pedindo para permanecer sozinho. Não adiantou. Não demorou e senti a presença no quarto, a mesma que já tinha sentido na casa da qual acabará de me mudar. O ar ficou mais frio do que já estava e alguma coisa subiu pelos meus pés em direção ao meu rosto... Naquela noite gelada de inverno, eu me encolhi sob os cobertores, desejando que a solidão fosse sua única companhia. Mas o universo tinha outros planos. A escuridão do quarto parecia mais densa, como se algo estivesse espreitando nas sombras. A presença se materializou lentamente. Primeiro, um arrepio percorreu a minha espinha, e eu pude sentir os pelos dos braços se eriçarem. O ar ficou ainda mais frio, e eu pude ver meu próprio hálito c

Micro conto de terror 14

 O marido de Lorena dorme profundamente enquanto sua mulher está acordada imóvel debaixo das cobertas, sentido alguma coisa fria deslizar por sua pernas e uma língua bipartida que vez por outra lhe toca a pele. "Uma cobra", pensou ela e pula pra fora da cama, aos gritos e acende a luz. "Que foi" perguntou o marido levantando assustado. "Cobra" - respondeu Lorena apontando para a cama com um dedo trêmulo. Lorival, esse é o nome do homem, olha para a cama onde os cobertores estão amontoados sabendo que a mulher não é de fazer escândalo atoa...