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UMA NOITE CHUVOSA (Conto de terror)

 A noite estava escura e chuvosa, com a estrada sinuosa serpenteando pelas montanhas entre Curitiba e Blumenau. O homem, um viajante solitário, dirigia com cuidado, os faróis do carro cortando a escuridão como lâminas afiadas. A chuva batia no para-brisa, criando um ritmo hipnótico que ameaçava embalar o motorista em um sono profundo. O rádio estava sintonizado em uma estação estática, e o homem lutava contra o cansaço. Ele havia partido de Curitiba tarde demais, e agora estava pagando o preço. Seu olhar se fixava na estrada, mas sua mente vagava para lugares sombrios. Ele pensava em histórias de lobisomens e criaturas noturnas, contadas pelos moradores das pequenas vilas que passara. Foi então que aconteceu. O carro derrapou na pista molhada, rodopiando descontroladamente antes de capotar e cair em uma ribanceira. O impacto foi brutal, e o homem desmaiou. Quando acordou, estava confuso e dolorido. O carro estava destruído, as portas amassadas e os vidros quebrados. Ele tentou se mover

A PRESENÇA

1 Acho que foi na segunda  ou terceira noite que passei na casa nova em Curitiba. Não lembro mais. Estava sozinho, era uma noite gelada de inverno. Estiquei o colchonete no chão, apaguei a luz, me deitei e me cobri com os dois cobertores grossos e felpudos que tinha ganho de minha irmã. E rezei muito pedindo para permanecer sozinho. Não adiantou. Não demorou e senti a presença no quarto, a mesma que já tinha sentido na casa da qual acabará de me mudar. O ar ficou mais frio do que já estava e alguma coisa subiu pelos meus pés em direção ao meu rosto... Naquela noite gelada de inverno, eu me encolhi sob os cobertores, desejando que a solidão fosse sua única companhia. Mas o universo tinha outros planos. A escuridão do quarto parecia mais densa, como se algo estivesse espreitando nas sombras. A presença se materializou lentamente. Primeiro, um arrepio percorreu a minha espinha, e eu pude sentir os pelos dos braços se eriçarem. O ar ficou ainda mais frio, e eu pude ver meu próprio hálito c

Micro conto de terror 24

 Hans queria muito não ser a única pessoa no mundo a ter imunidade contra o vírus que levou todo o resto da humanidade. A solidão é algo muito insuportável.

Micro conto de terror 21

 Autor: Sandro Jarbas Malheiros. Solidão  O homem descansou a cabeça grisalha no travesseiro naquela cama solitária naquela noite escura quando lá de fora chegou o som distante de tenebroso uivo. Instintivamente levou a mão calejada e apalpou o espaço vazio ao seu lado. "Paciência" - pensou o velho. "O feitiço que eu conjurei mantém apenas a sua forma animal afastada. Amanhã não é mais lua cheia, ela voltará para meus braços."

MICRO CONTO 3

 Numa casa na qual apenas ela morava Maria não conseguia parar de se perguntar de quem eram os passos que ela ouvia no andar de cima.

TORMENTO

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  Tormento A mulher estava assustada. Muito assustada mesmo. Sozinha no quarto escuro e frio ela segurava com ambas as mãos o cobertor na altura do queixo enquanto seus olhos grandes e castanhos não desgrudavam dos pés da cama de casal. E ela queria, o Deus, como ela queria imensamente que seu marido estivesse ali com ela ao invés de no serviço de vigia noturno que havia conseguido depois de passar mais de um ano desempregado. A mulher estava assustada. Muito assustada mesmo. Sozinha no quarto escuro e frio ela segurava com ambas as mãos o cobertor na altura do queixo enquanto seus olhos grandes e castanhos não desgrudavam do vulto acocorado sobre os pés da cama com seus brilhantes olhos vermelhos a observa-la e suas imensas asas de morcego abertas a ocuparem quase de uma parede a outra do quarto. Já era a quarta noite que isso acontecia. A quarta noite em que a coisa ficava ali empoleirada nos pés da cama. E ela, a mulher, tinha medo de coment