DRÁCULA, uma nova versão para uma antiga história. Parte 8.


Em meio à penumbra do quarto, Harker sentiu o ar rarefeito e o odor de mofo que permeava as paredes de Exham Priory. A mansão ancestral, outrora grandiosa, agora se erguia como um monumento à decadência. O lamento das tábuas rangentes sob seus pés ecoava a melancolia de séculos passados, e ele sabia que algo sinistro se escondia nas sombras.


O grito, agudo e desesperado, reverberou pelas paredes, fazendo com que Harker subisse as escadas com urgência. Seu coração martelava no peito, e o medo o impelia para frente. Ao adentrar o quarto da filha, encontrou sua esposa petrificada, os olhos fixos na varanda. Lá, à luz pálida da lua, estava a criatura.


As asas de morcego se estendiam como véus negros, e seus olhos, vermelhos como brasas ardentes, perfuravam a escuridão. Harker sentiu o frio da morte ao encarar aquele ser que desafiava a lógica e a razão. O sangue ancestral pulsava em suas veias, e ele compreendeu que estava diante de algo além da compreensão humana.


A criatura se movia com uma graça sobrenatural, pairando à beira da varanda. Seus dedos afiados tocaram o parapeito, e Harker viu o reflexo da lua em suas presas. Era um vampiro, mas não um vampiro qualquer. Era Vlad Dracula, o último descendente da linhagem maldita.


As lendas diziam que Dracula havia lutado contra os turcos otomanos, mas sua sede de poder o levou a pactos sombrios. Ele se tornou um vampiro, um senhor da noite que se alimentava da vida alheia. E agora, ali estava ele, com suas asas imponentes e olhos famintos.


Harker não ousou pronunciar seu nome em voz alta. Ele sabia que a criatura estava além de qualquer explicação científica ou religiosa. Era um resquício de tempos antigos, quando os deuses caminhavam entre os homens e a escuridão era mais densa.


Com a coragem que só os desesperados possuem, Harker se aproximou da varanda. O vento sussurrou segredos ancestrais em seus ouvidos, e ele soube que estava prestes a enfrentar o inominável. Seus olhos se encontraram com os de Dracula, e o vampiro sorriu, revelando presas afiadas como punhais.


"Você não deveria estar aqui", sussurrou Harker, a voz trêmula. "Este é o meu lar."


Dracula riu, um som gutural que ecoou pela noite. "Lar? Você não entende, mortal. Este lugar sempre foi meu. Os De la Poer eram apenas marionetes em minha dança macabra."


Harker sentiu a presença dos ratos nas paredes, roendo os alicerces da realidade. Eles eram os servos de Dracula, os espiões silenciosos que testemunharam séculos de horror. E agora, eles se agitavam, famintos por carne fresca.

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